sábado, 3 de maio de 2014

Some nights from 3.3.2014

Eu quero noites eternas. Seria agradável (mais fácil de viver) se meus dias fossem apenas noites, sempre aquela atmosfera disposta ou apta a acolher minha condenada alma. Aquele frio relaxa, conforta... Meu corpo se entrega ao momento, à brutal soma de todos cortes sentimentais. Nada disso quer dizer que à noite eu tenho plenitude, ausência de dor. Mas quando a lua e as estrelas estão lá em cima pra todo mundo (eu) ver, é um pouco mais suportável o flagelo que é esta existência. Há o silêncio, que me deixa ouvir melhor meus pensamentos. No escuro, na solidão do meu quarto e da minha cama, eu encontro refúgio, eu completo minha reclusão, e até que não é tão triste. Mentira. O que eu estou escrevendo parece uma sequência proposital de mentiras. Sempre há dor. Mesmo à noite. É só que, no fim de um dia, eu consigo entender e medir melhor as coisas que acontecem comigo. E é bem possível que toda a verdade sobre meu quase-prazer na noite seja encontrada no fato de que é naquele horário que eu vou dormir, conseguir dormir. Vou descansar. “Esquecer que tenho vida”. Deixar que meu corpo tente se recuperar da sede pela dor cujo objetivo é aliviar o tormento que criou raízes no meu mais profundo íntimo.

Addendum de "from 3.3.2014"

Sempre há dor. Mesmo eu tendo o que comer. Mesmo eu tendo o que beber. Mesmo eu tendo onde dormir. Mesmo eu tendo o que vestir. Mesmo eu tendo como manter quase toda a higiene. Mesmo algumas pessoas sorrindo pra mim. Mesmo eu tendo a maior parte da minha família (as pequenas duas partes com as quais eu convivo) me dando o devido apoio, e talvez mais que devido. Mesmo eu tendo até coisas alcoólicas pra beber. Mesmo eu podendo vomitar vez ou outra sem ser (aparentemente) julgado, criticado e “talz”. Mesmo eu podendo ler gibis, ver shows e assistir séries no notebook. Mesmo eu sabendo muito inglês. Mesmo eu entendendo de um bocado de coisa, num tal de geral. Mesmo eu gostando da estética das minhas mãos e do som da minha voz. Mesmo eu morando numa casa limpa e tendo um quarto só pra mim. Mesmo eu tendo toda discografia (a parte importante, pelo menos) do “Kamelot”, e algumas edições originais do “Daredevil”. Mesmo. Mesmo. Mesmo. Eu gostaria muito que fosse diferente, mas dor não se escolhe, nem é possível tornar-se imune a uma dor que possivelmente não seja respeitável just because. A dor está lá, está aqui, bem aqui, e não sai, mesmo eu “tendo” tanta coisa (ridículas estas cinco últimas palavras juntas assim, nesta ordem).  Eu certamente estou muito mais que CANSADO de não poder (dever) nem pensar/escrever sobre o que eu sinto por você, por ser pior ainda! Porque, pelo jeito que as coisas estão, a melhor estratégia é fingir, como um impossível lunático, que nada tá acontecendo na minha mente! Fingir, claro, que meu coração quase sempre parece bater só por bater! Mesmo! Tsc/ah! Pelo menos as paredes têm pinturas interessantes em partes delas, e geralmente eu tenho conseguido infringir humor negro a mim mesmo (favor notar certa criatividade no uso do vocábulo “mesmo” neste adendo). Ah, e mais: eu escorreguei e acabei falando do meu amor perdido aqui??? “Sem problema” (aspas pra identificar o ‘auto-humor negro’)! Eu vou continuar fingindo que as coisas tão bem, vou me acostumar de novo a pensar qualquer merda pra substituir a frequente aparição do nome na minha cabeça, e vou ser bastante funcional no resto da minha vida porque hey! Quem tá sofrendo? Eeeeu? Na-na-ni-na-não, não senhor, no sir! Eu estou BEM! Eu odeio mentira, mas mentir pra mim mesmo? É a atitude que me mantém vivo.
(3.5.2014)