E se eu achar que é repetitivo? Vai mudar alguma coisa? Imagino que esta já foi uma ideia que eu tive, e que provocou uma certa parada, mas aparentemente os conteúdos realmente se repetem “infinitamente” (no percurso de uma nada infinita vida), e só cabe a mim (e a outros pobres diabos em situações existenciais mais ou menos similares) encontrar formas novas de expressar os buracos. Todo o buraco. Ha; obrigado, Literatura. O cansaço é, até no nível gramatical, a grande nascente da maioria das coisinhas que fluem nesta vida. Escapar do cansaço é tarefa árdua, requer atitudes e possibilidades ultrajantes, de tão cretinas que são ao flertar com o absurdo, e no “fim” se resume a uma tarefa cansativa. O tópico da última frase (e olha só quanta formalidade por eufemismo!) é problemático até quando se reflete sobre ele, pois chega a umedecer um pouco os olhos já tão secos. Em breve interlúdio (pois eles devem ser assim), sim, eu tenho grande apreço por minhas aspas, parênteses e reticências. Elas me fazem bem, trabalham muito apropriadamente nesses meus processos em que busco alguma catarse. Voltando ao central, se é que é possível: acreditar que é indigno também não parece ser efetivo; mesmo que eu pense que certas coisas deveriam ser bem guardadas, eu me convenço que estou cobrindo essas coisas de maneira adequada, pois simplesmente os temas me fogem, morrem na minha cabeça doente, e o que me resta pra sair dos meus dedos é dor ou no mínimo inquietação. E acaba que tem que ser assim. E a vida passa, e parece que o ditado é correto mesmo: quanto mais as coisas passam, mais permanecem as mesmas. Talvez a única boa mudança sejam as melhorias na minha escrita, este sagrado recipiente da minha perversa voz. Ahh, vida, o que fazer com você? Às vezes, minha querida, você me atormenta tanto que não fico com muitas escolhas! Quero dizer, ou vou no caminho mais lógico e me proponho remotamente a atingir meu nada épico finale, ou, ainda cansado e BEM CANSADO de você, Vida, eu decido tentar viver mais ainda! Se ao menos a soma total dos meus dias fosse bem mais extensa (e eu quero dizer bem MAIS extensa mesmo), imagino que eu seria capaz de lidar melhor com as várias e variáveis setas (aqui no sentido arcaico); sim, minha memória teria muitos outros fatos fatídicos para ter como apoio, minha estimada mente poderia oscilar pacificamente entre tantas e tantas imagens melhores, lembranças que não arrancassem lágrimas da pobre coitada que é a alma... Os temas são os mesmos, o que muda são os dias? Será esta uma das respostas definitivas? É uma boa resposta; inspirada, também admito. Mas eu sempre quero mais, então por que eu me contentaria agora? Nem é uma resolução-solução! Não, quero mais respostas, muito obrigado. Que vontade toda impossível de ter meus sentimentos à minha disposição num estojo para contatos meramente ou inicialmente analíticos. Saindo finalmente das perguntas retóricas, lembra daquela frase e apelido carinhoso, ambos em alemão? Ainda são verdadeiros, como pode? Os poucos temas... Malditos por serem tão poucos!
/obrigado pela companhia nestes incômodos textuais, “Harmaja”! Que som! E finalmente caem./